Olá leitoras!
Como vão?
Hoje o post mostra uma conversa que tivemos com a estilista Thais Milani, formada em negócios da moda pela Anhembi Morumbi, sobre os diferentes modos de se vestir de acordo com as regiões. A conversa mostra um pouco da visão da estilista sobre a cultura da moda presente em São Paulo.
Vamos ver?
Blog: Por que você acha que isso acontece? Cada região se vestir de uma forma?
Thais Milani: São Paulo tem zonas muito divididas. Você percebe claramente as características de cada zona, de cada bairro. E isso influencia na hora de se vestir. Um bairro com menos acessibilidade à moda, em que a novela influencia muito, terá mais pessoas se vestindo de acordo com aquela moda presente todos os dias na televisão. Quem não tem acesso à moda internacional, às tendências, não tem conhecimento da moda propriamente dita, então será guiado de acordo com a cultura da moda mostrada na novela.
Blog: Quais são as principais diferenças das zonas na sua opinião? O que se encontra em maior quantidade em cada uma delas?
Thais Milani: A zona sul que tem a Oscar freire, apresenta mais pessoas que entendem sobre o assunto, buscam isso e, consequentemente vão se vestir diferente. E fora que tem mais poder aquisitivo, é um outro olhar sobre a moda. A região sul concentra muito os bairros com maior poder aquisitivo, tem mais influencia econômica, a começar pelo preço dos imóveis, metro quadrado e etc. No bom retiro a roupa custa 50 reais, na zonal sul 130 reais. Claro que tem a porcentagem do vendendor em cima, mas tem coisas na zona norte, por exemplo, que são mais baratas do que na sul. Porque eu acho que é de acordo com o padrão de vida de cada bairro. As lojas podem cobrar mais de um bairro de acordo com as pessoas que vivem ali, dependendo do poder econômico que o local tem. Não adianta chegar na zona leste e colocar uma boutique que venda itens muito caros. Algumas pessoas vão comprar, mas nem todas porque o foco dali não é esse. Quem tem poder aquisitivo compra mais em lojas de grife.
Blog: Na questão de tendências, como você enxerga o modo com que cada região adere a essas tendências?
Thais Milani: As pessoas que moram no centro e na zona sul se interessam e se preocupam mais com a moda porque têm mais acesso. Numa região de pouco acesso, o único modo de estar em contato é a televisão. A moda do Brasil quem faz é a novela (numa generalização). A maior parcela da circulação, classe C que não tem conhecimento segue as tendências mostradas na novela. Tenho uma conhecida que trabalha em uma confecção no bom retiro e colocou um vestido florido para vender, que não saiu das prateleiras. Passou 6 meses e uma novela começou a mostrar vestidos longos e floridos, com globais fazendo propagandas vestidos assim. No bom retiro eles já tinham feito toda uma pesquisa de tendência e na hora da venda não teve retorno, mas quando o grande publico teve acesso eles tiveram que aumentar a produção. É desse modo que as roupas saem.
Blog: Então, para você, o acesso é que estimula as engrenagens da cultura da moda?
Thais Milani: Sem dúvidas que sim. As tendências externas, internacionais, estão na Vogue, Elle. E quem lê essas revistas tem conhecimento de moda, sede de moda. Elas buscam estar nas fashion weeks, que é para o público que gosta, porque só quem gosta assiste aos desfiles e consegue traduzir as tendências mostradas ali. Além de não entender o que está acontecendo na moda, a grande massa não se interessa. E nem deve. Se pensar no geral, as tendências externas não funcionam, ou funcionam pouco por aqui. Porque para a grande massa, o que importa é o que é ditado aqui dentro. E o que importa é o que funciona por aqui.
E vocês, o que acham da influência das novelas na moda? Alguém aí já aderiu a uma tendência de novela? Conta pra gente nos comentários!